Dr. Juan Aquino

A Espondilolistese é uma condição da coluna vertebral que afeta milhares de brasileiros e pode causar dor significativa e limitação funcional. Neste artigo, você vai entender o que é esta condição, suas causas, sintomas e as opções de tratamento mais eficazes disponíveis atualmente.

espondilolistese

O Que é Espondilolistese?

A espondilolistese é caracterizada pelo deslizamento de uma vértebra sobre a vértebra adjacente inferior. Este deslocamento geralmente ocorre na região lombar da coluna, mais frequentemente entre L4-L5 ou L5-S1, embora também possa ocorrer na região cervical.

O termo deriva do grego “spondylos” (vértebra) e “listhesis” (deslizamento). O grau de deslizamento é classificado em uma escala de I a V:

  • Grau I: Deslizamento de até 25%
  • Grau II: Deslizamento de 25% a 50%
  • Grau III: Deslizamento de 50% a 75%
  • Grau IV: Deslizamento de 75% a 100%
  • Grau V: Deslizamento completo com “queda”da vértebra (espondiloptose)

Tipos de Espondilolistese

Existem diferentes tipos de espondilolistese, classificados de acordo com sua causa:

Espondilolistese Ístmica

É o tipo mais comum, especialmente em jovens atletas. Ocorre devido a uma fratura na parte da vértebra chamada pars interarticularis, geralmente resultante de estresse repetitivo.

Espondilolistese Degenerativa

Mais comum em adultos acima de 50 anos, resulta do desgaste natural das articulações e discos intervertebrais com o envelhecimento.

Espondilolistese Congênita

Presente desde o nascimento, devido a anomalias no desenvolvimento das facetas articulares que permitem o deslizamento vertebral.

Espondilolistese Traumática

Causada por trauma agudo, como acidentes ou quedas, que fratura as estruturas que normalmente impedem o deslizamento vertebral.

Espondilolistese Patológica

Resulta de doenças que enfraquecem os ossos, como tumores, infecções ou condições metabólicas.

Causas e Fatores de Risco

Vários fatores podem contribuir para o desenvolvimento da espondilolistese:

Fatores Mecânicos

  • Microtraumas repetitivos – Comuns em esportes como ginástica, levantamento de peso e futebol
  • Hiperextensão lombar frequente – Movimentos que arqueiam excessivamente a coluna
  • Sobrecarga mecânica – Trabalhos que exigem levantamento de peso ou posições forçadas

Fatores Genéticos

  • Predisposição familiar para defeitos na pars interarticularis
  • Anomalias congênitas nas articulações facetárias
  • Doenças do tecido conjuntivo

Fatores Degenerativos

  • Envelhecimento natural das estruturas da coluna
  • Artrose das articulações facetárias
  • Degeneração dos discos intervertebrais

Outros Fatores

  • Osteoporose
  • Doenças reumáticas
  • Cirurgias prévias na coluna

Sintomas da Espondilolistese

Os sintomas variam conforme o grau de deslizamento e a presença de compressão nervosa:

Sintomas Comuns

  • Dor lombar – Geralmente piora com atividade e melhora com repouso
  • Rigidez na região lombar
  • Sensação de “travamento” na coluna
  • Dor que irradia para as nádegas e parte posterior das coxas
  • Tensão nos músculos isquiotibiais (parte posterior da coxa)

Em Casos de Compressão Nervosa

  • Dor ciática – Irradiação para uma ou ambas as pernas
  • Formigamento ou dormência nas pernas
  • Fraqueza muscular nos membros inferiores
  • Alterações na marcha
  • Em casos graves, alterações no controle da bexiga ou intestino

Características Específicas

  • A dor geralmente piora ao ficar em pé ou caminhar por longos períodos
  • Atividades que envolvem extensão da coluna (curvar-se para trás) tendem a agravar os sintomas
  • Flexão do tronco (curvar-se para frente) frequentemente alivia a dor
  • Alguns pacientes desenvolvem uma postura característica com quadris e joelhos levemente flexionados

Diagnóstico da Espondilolistese

O diagnóstico envolve uma combinação de avaliação clínica e exames de imagem:

Avaliação Clínica

  • Histórico médico detalhado
  • Exame físico com avaliação da postura, mobilidade e testes neurológicos
  • Palpação da região lombar para identificar degraus entre as vértebras

Exames de Imagem

  • Radiografia da coluna lombar – Geralmente o primeiro exame, permite visualizar o deslizamento vertebral
  • Tomografia computadorizada (TC) – Oferece imagens detalhadas das estruturas ósseas
  • Ressonância Magnética (RM) – Avalia os tecidos moles, incluindo discos, ligamentos e possível compressão de estruturas nervosas
  • Cintilografia óssea – Em casos selecionados, para identificar áreas de estresse ósseo ativo

Tratamentos Eficazes para Espondilolistese

O tratamento varia conforme o grau de deslizamento, a intensidade dos sintomas e a idade do paciente:

Tratamento Conservador

Para a maioria dos pacientes com espondilolistese de baixo grau (I e II), o tratamento inicial é conservador:

Repouso e Modificação de Atividades

  • Restrição temporária de atividades que agravam os sintomas
  • Evitar movimentos de hiperextensão lombar
  • Adaptação de atividades esportivas e ocupacionais

Medicamentos

  • Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) – Reduzem a inflamação e a dor
  • Analgésicos – Para controle da dor
  • Relaxantes musculares – Aliviam a tensão muscular associada
  • Em casos selecionados, corticosteroides orais por curtos períodos

Fisioterapia

A fisioterapia é fundamental no tratamento da espondilolistese:

  • Fortalecimento da musculatura abdominal e lombar – Estabilização do core
  • Alongamento dos isquiotibiais – Frequentemente encurtados nesta condição
  • Técnicas de estabilização segmentar – Fortalecimento dos músculos profundos da coluna
  • Correção postural
  • Orientações ergonômicas

Órteses

  • Coletes lombares podem ser utilizados temporariamente em casos selecionados
  • Úteis durante atividades específicas ou fases agudas

Infiltrações

  • Bloqueios facetários – Injeção de anestésicos e corticoides nas articulações facetárias
  • Infiltrações epidurais – Em casos com componente radicular significativo

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Tratamento Cirúrgico

A cirurgia é considerada quando:

  • Há deslizamento progressivo
  • Dor persistente que não responde ao tratamento conservador após 3 meses
  • Déficit neurológico significativo
  • Espondilolistese de alto grau (III, IV ou V) sintomática

Procedimentos Cirúrgicos

Prognóstico e Recuperação

O prognóstico varia conforme diversos fatores:

Tratamento Conservador

  • 80-85% dos pacientes com espondilolistese de baixo grau apresentam melhora significativa com tratamento conservador
  • A recuperação geralmente leva de 3 a 6 meses
  • Atividades esportivas podem ser retomadas gradualmente após controle dos sintomas

Tratamento Cirúrgico

  • Taxa de sucesso de 85-90% em casos bem selecionados
  • Recuperação inicial em 4-6 semanas
  • Recuperação completa em 6-12 meses
  • Retorno a atividades esportivas após 9-12 meses, conforme avaliação médica

Prevenção e Cuidados Contínuos

Algumas medidas podem ajudar a prevenir a progressão da espondilolistese:

  • Manter um peso saudável
  • Fortalecer regularmente a musculatura abdominal e lombar
  • Praticar atividades físicas de baixo impacto
  • Evitar movimentos repetitivos de hiperextensão lombar
  • Utilizar técnicas corretas ao levantar objetos pesados
  • Manter boa postura nas atividades diárias

Quando Procurar um Especialista

É importante consultar um médico especialista em coluna vertebral se você apresentar:

  • Dor lombar persistente que piora com atividade física
  • Dor que irradia para as pernas
  • Formigamento, dormência ou fraqueza nas pernas
  • Alterações na marcha
  • Dificuldade para controlar a bexiga ou intestino (emergência médica)

FAQ sobre Espondilolistese

1. A espondilolistese pode piorar com o tempo?

Sim, em alguns casos a espondilolistese pode progredir, especialmente em crianças e adolescentes durante períodos de crescimento rápido. Em adultos, a progressão é geralmente mais lenta e ocorre principalmente em casos de espondilolistese degenerativa. Fatores que aumentam o risco de progressão incluem: maior grau inicial de deslizamento, idade jovem no diagnóstico, sexo feminino, e certas atividades de alto impacto ou que envolvem hiperextensão lombar repetitiva. O monitoramento regular com radiografias é importante para detectar qualquer progressão, especialmente em pacientes jovens ou com deslizamentos significativos.

2. Posso praticar esportes se tenho espondilolistese?

Na maioria dos casos, é possível praticar esportes com espondilolistese, mas com algumas adaptações. Esportes de baixo impacto como natação, ciclismo e caminhada são geralmente bem tolerados e até benéficos. Atividades que envolvem hiperextensão lombar repetitiva (como ginástica, mergulho, levantamento de peso olímpico) podem exigir modificações técnicas ou, em alguns casos, serem evitadas. A decisão deve ser individualizada, considerando o grau de deslizamento, a intensidade dos sintomas e o nível competitivo. Um programa de fortalecimento específico supervisionado por fisioterapeuta esportivo é fundamental antes de retornar à prática esportiva.

3. A cirurgia é sempre necessária para tratar espondilolistese?

Não, a maioria dos casos de espondilolistese (especialmente graus I e II) responde bem ao tratamento conservador e não requer cirurgia. Estudos mostram que aproximadamente 80-85% dos pacientes conseguem controlar os sintomas com fisioterapia, medicamentos e modificações nas atividades. A cirurgia é geralmente considerada apenas quando: há déficit neurológico progressivo, dor incapacitante que não responde ao tratamento conservador após 6-12 meses, deslizamento progressivo documentado, ou espondilolistese de alto grau (III-V) sintomática. A decisão cirúrgica deve sempre considerar a correlação entre os achados de imagem e os sintomas clínicos.

4. Quais exercícios são recomendados para quem tem espondilolistese?

Os exercícios mais benéficos focam na estabilização da coluna e no fortalecimento da musculatura de suporte, incluindo:

  • Fortalecimento do core (transverso do abdômen, multífidos, oblíquos)
  • Exercícios de ponte em diferentes variações
  • Prancha frontal e lateral com adaptações
  • Alongamento dos isquiotibiais e flexores do quadril
  • Exercícios de estabilização neutra da pelve
  • Atividades de baixo impacto como natação e ciclismo

É importante evitar exercícios que envolvam hiperextensão lombar excessiva, impacto vertical significativo ou rotação com carga. Todos os exercícios devem ser prescritos individualmente por um fisioterapeuta ou educador físico especializado, considerando o grau de deslizamento e os sintomas específicos.

5. A gravidez pode agravar a espondilolistese?

A gravidez pode temporariamente agravar os sintomas de espondilolistese devido a vários fatores: aumento do peso corporal, alteração do centro de gravidade, liberação do hormônio relaxina (que aumenta a flexibilidade ligamentar) e aumento da lordose lombar. No entanto, raramente causa progressão permanente do deslizamento. Mulheres grávidas com espondilolistese conhecida podem se beneficiar de: fisioterapia preventiva, uso de cintas de suporte pélvico quando necessário, exercícios específicos para fortalecimento do core, e adaptações ergonômicas. Na maioria dos casos, os sintomas retornam ao nível pré-gestacional após o parto e recuperação puerperal.



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Dr. Juan Aquino é Cirurgião de Coluna OrtopedistaMédico da Dor no Rio de Janeiro. Tem mais de 10 anos de experiência no tratamento de Dor na Coluna realizando consultas presenciais, por Telemedicina, Ondas de Choque mecânico (TOC), Infiltrações em consultório médico, Rizotomia da Coluna e Cirurgias da Coluna Minimamente Invasivas em Hospitais de Referência no Rio.

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Dr Juan Aquino num Curso Internacional em Miami – Estados Unidos. Curso Fresh-Cadaver no MARC (Miami Anatomical Research Center). Curso de Técnicas Avançadas de Artrodeses e Endoscopia da Coluna Vertebral.

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Referências:

Livros:

  1. Benzel’s Spine Surgery. 4th Edition – Michel Steinmetz, Edward Benzel. Elservier, 2017 
  2. O Exame Físico em Ortopedia. Barros Filho TEP – São Paulo: Sarvier
  3. Neuroanatomia Funcional –  Machado, A. Livraria Atheneu, 2000. 3a Edição

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