A escoliose congênita é uma condição que afeta a coluna vertebral desde o nascimento e pode causar deformidades significativas se não for diagnosticada e tratada adequadamente. Neste artigo, você vai entender o que é esta condição, seus principais sinais e os tratamentos disponíveis.

O Que é Escoliose Congênita?
A escoliose congênita é uma deformidade da coluna vertebral presente ao nascimento, causada por malformações das vértebras que ocorrem durante o desenvolvimento fetal, entre a 4ª e 6ª semana de gestação. Diferentemente da escoliose idiopática (que surge sem causa aparente, geralmente na adolescência), a escoliose congênita resulta de anomalias estruturais específicas nas vértebras.
Estas malformações vertebrais podem ser classificadas em dois tipos principais:
- Falha de formação – Quando uma parte da vértebra não se desenvolve completamente, resultando em vértebras em forma de cunha ou hemivértebras (vértebras incompletas)
- Falha de segmentação – Quando duas ou mais vértebras não se separam adequadamente durante o desenvolvimento, permanecendo fundidas de um lado (barra não segmentada)
A incidência da escoliose congênita é de aproximadamente 1 em cada 10.000 nascimentos, afetando igualmente meninos e meninas.
Causas da Escoliose Congênita
A escoliose congênita ocorre devido a alterações no desenvolvimento embrionário da coluna vertebral. Embora a causa exata dessas alterações nem sempre seja identificada, alguns fatores podem estar associados:
- Fatores genéticos – Algumas anomalias genéticas podem predispor ao desenvolvimento de malformações vertebrais
- Fatores ambientais – Exposição materna a certas substâncias tóxicas durante a gestação
- Distúrbios metabólicos maternos – Como diabetes gestacional mal controlado
- Deficiências nutricionais – Especialmente de ácido fólico durante a gestação
- Infecções maternas – Certas infecções durante a gravidez podem afetar o desenvolvimento fetal
É importante ressaltar que a escoliose congênita frequentemente ocorre em associação com outras anomalias congênitas, especialmente do sistema genitourinário (rins), cardíaco e medular.
5 Principais Sinais da Escoliose Congênita
- Curvatura visível da coluna – Desvio lateral da coluna que pode ser notado desde o nascimento ou nos primeiros anos de vida
- Assimetria corporal – Diferença na altura dos ombros, escápulas proeminentes, quadril desnivelado ou tronco desalinhado
- Progressão rápida da curvatura – Especialmente durante os períodos de crescimento acelerado (primeira infância e adolescência)
- Anomalias associadas – Presença de outras malformações congênitas, como manchas na pele, depressões ou tufos de pelos na região da coluna
- Sintomas neurológicos – Em casos mais graves, pode haver comprometimento neurológico com alterações na marcha, fraqueza ou alterações sensitivas nos membros inferiores
Outros sinais podem incluir:
- Dor nas costas (menos comum em crianças pequenas)
- Limitação da mobilidade da coluna
- Alterações na função pulmonar em casos de curvaturas graves
- Desenvolvimento de compensações posturais
É importante ressaltar que, diferentemente da escoliose idiopática do adolescente, a escoliose congênita geralmente é detectada em idade mais precoce e tem maior potencial de progressão.
Diagnóstico da Escoliose Congênita
O diagnóstico da escoliose congênita envolve uma combinação de avaliação clínica e exames de imagem:
Avaliação Clínica
- Histórico médico detalhado, incluindo histórico familiar e gestacional
- Exame físico completo, com avaliação da postura, equilíbrio e alinhamento corporal
- Teste de Adams (flexão anterior do tronco) para observar assimetrias e gibosidade
- Avaliação neurológica completa
Exames de Imagem
- Radiografia da coluna completa – Exame inicial que permite visualizar a deformidade e as malformações vertebrais
- Ressonância magnética (RM) – Fundamental para avaliar possíveis anomalias da medula espinhal associadas, como siringomielia ou medula ancorada
- Tomografia computadorizada (TC) – Oferece detalhes precisos das malformações ósseas, auxiliando no planejamento cirúrgico
- Ultrassonografia renal – Recomendada devido à alta associação com anomalias renais
Em alguns casos, podem ser necessários outros exames complementares, como ecocardiograma, para investigar anomalias cardíacas associadas.
Tratamentos para Escoliose Congênita
O tratamento da escoliose congênita varia de acordo com diversos fatores, incluindo a idade do paciente, o tipo e localização da malformação, a magnitude da curvatura e a taxa de progressão:
Observação e Monitoramento
Para curvaturas leves e estáveis:
- Acompanhamento clínico e radiográfico regular (a cada 4-6 meses durante o crescimento)
- Monitoramento cuidadoso durante os períodos de crescimento acelerado
Tratamento Conservador
O tratamento conservador tem papel limitado na escoliose congênita, diferentemente da escoliose idiopática:
- Fisioterapia – Pode ajudar a manter a função e prevenir complicações secundárias, mas não corrige a deformidade estrutural
- Órteses (coletes) – Geralmente não são eficazes para corrigir a deformidade congênita, mas podem ser utilizados em casos específicos para retardar a progressão
Tratamento Cirúrgico
A cirurgia é frequentemente necessária na escoliose congênita, especialmente em casos com potencial de progressão significativa:
- Fusão vertebral in situ – Estabilização da coluna sem correção significativa da deformidade
- Hemiepifisiodese – Procedimento que visa controlar o crescimento assimétrico da coluna
- Ressecção de hemivértebra (hemivertebrectomia) – Remoção da vértebra malformada seguida de fusão
- Instrumentação e correção – Utilização de implantes para corrigir parcialmente a deformidade e estabilizar a coluna
Em casos complexos, pode ser necessária uma abordagem em múltiplos estágios ou técnicas combinadas.
Prognóstico e Qualidade de Vida
O prognóstico da escoliose congênita depende de diversos fatores:
- Tipo e localização da malformação – Hemivértebras não compensadas e barras unilaterais têm maior potencial de progressão
- Idade ao diagnóstico – Diagnóstico e intervenção precoces geralmente resultam em melhores desfechos
- Presença de anomalias associadas – Anomalias neurológicas, cardíacas ou renais podem complicar o tratamento
- Resposta ao tratamento – A resposta individual às intervenções varia significativamente
Com tratamento adequado, muitos pacientes com escoliose congênita podem ter boa qualidade de vida e função. No entanto, mesmo após o tratamento, é necessário acompanhamento a longo prazo para monitorar possíveis complicações tardias.
Impacto Psicossocial
O impacto psicossocial da escoliose congênita não deve ser subestimado:
- Crianças e adolescentes podem enfrentar desafios relacionados à imagem corporal
- O tratamento prolongado e múltiplas cirurgias podem afetar o desenvolvimento psicossocial
- O suporte familiar e psicológico é fundamental durante todo o processo de tratamento
Quando Procurar um Especialista
É importante consultar um médico especialista em coluna vertebral se você observar:
- Assimetria na postura da criança
- Curvatura visível na coluna
- Diferença na altura dos ombros ou quadril
- Outras anomalias congênitas associadas
- Histórico familiar de malformações da coluna
FAQ sobre Escoliose Congênita
1. A escoliose congênita é hereditária?
A maioria dos casos de escoliose congênita ocorre de forma esporádica, sem histórico familiar claro. No entanto, em alguns casos, pode haver componente genético, especialmente quando associada a síndromes específicas. O aconselhamento genético pode ser recomendado para famílias com histórico de malformações vertebrais.
2. A escoliose congênita sempre requer cirurgia?
Nem todos os casos de escoliose congênita necessitam de cirurgia. A decisão depende do tipo de malformação, da magnitude da curvatura, da taxa de progressão e da presença de sintomas. Curvaturas leves e estáveis podem ser apenas monitoradas, enquanto malformações com alto potencial de progressão geralmente requerem intervenção cirúrgica.
3. Qual é a melhor idade para realizar a cirurgia de escoliose congênita?
Não existe uma idade única ideal para a cirurgia, pois a decisão deve ser individualizada. Em alguns casos, a intervenção precoce (antes dos 5 anos) é recomendada para prevenir a progressão da deformidade durante o crescimento. Em outros casos, pode-se optar por aguardar até que a criança esteja mais desenvolvida. A decisão deve considerar o tipo de malformação, a taxa de progressão e o equilíbrio entre os riscos e benefícios da cirurgia em cada idade.
4. Crianças com escoliose congênita podem praticar esportes?
Na maioria dos casos, crianças com escoliose congênita leve a moderada podem participar de atividades físicas e esportes, o que é inclusive benéfico para o desenvolvimento muscular e cardiorrespiratório. No entanto, após cirurgias de fusão vertebral, pode haver restrições para esportes de contato ou alto impacto. A recomendação deve ser individualizada e discutida com o médico responsável.
5. A escoliose congênita afeta a expectativa de vida?
A escoliose congênita isolada geralmente não afeta a expectativa de vida. No entanto, quando associada a anomalias em outros sistemas (cardíaco, renal, neurológico), pode haver impacto na saúde geral e na longevidade. Curvaturas muito graves não tratadas podem levar a complicações cardiopulmonares a longo prazo. Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, a maioria dos pacientes tem expectativa de vida normal.
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O Dr. Juan Aquino é Cirurgião de Coluna Ortopedista e Médico da Dor no Rio de Janeiro. Tem mais de 10 anos de experiência no tratamento de Dor na Coluna realizando consultas presenciais, por Telemedicina, Ondas de Choque mecânico (TOC), Infiltrações em consultório médico, Rizotomia da Coluna e Cirurgias da Coluna Minimamente Invasivas em Hospitais de Referência no Rio.
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Referências:
- Sociedade Brasileira de Coluna (SBC) – https://www.coluna.com.br
- Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO) – https://www.into.saude.gov.br
- Sociedade de Coluna da Europa (EUROSPINE) – https://www.eurospine.org
- Sociedade de Coluna Norte Americana (NASS) – https://www.spine.org
- Sociedade de Coluna International (AO Spine) – https://www.aofoundation.org/spine
Livros:
- Benzel’s Spine Surgery. 4th Edition – Michel Steinmetz, Edward Benzel. Elservier, 2017
- O Exame Físico em Ortopedia. Barros Filho TEP – São Paulo: Sarvier
- Neuroanatomia Funcional – Machado, A. Livraria Atheneu, 2000. 3a Edição
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