Dr. Juan Aquino

A cifose congênita é uma deformidade da coluna vertebral presente ao nascimento que causa uma curvatura excessiva para frente na região torácica. Neste artigo, você vai entender o que é esta condição, seus principais sinais e os tratamentos disponíveis.

Foto de criança com Cifose Congênita e exame de imagem de ressonância magnética em perfil (“sagital”) mostrando vértebra em cunha (“triângulo”).

O Que é Cifose Congênita?

A cifose congênita é uma deformidade da coluna vertebral caracterizada por uma curvatura excessiva para frente (anteriorização) na região torácica (meio das costas), presente desde o nascimento. Esta condição ocorre devido a malformações nas vértebras que se desenvolvem durante a formação fetal, entre a 4ª e 8ª semana de gestação.

Diferentemente da cifose postural ou da Cifose de Scheuermann (que se desenvolve durante a adolescência), a cifose congênita resulta de anomalias estruturais específicas nas vértebras, que podem ser classificadas em dois tipos principais:

  1. Falha de formação – Quando a parte anterior da vértebra não se desenvolve adequadamente, resultando em vértebras em forma de cunha.
  2. Falha de segmentação – Quando há fusão anormal da parte anterior de duas ou mais vértebras

A cifose congênita é relativamente rara, com incidência estimada entre 1 em cada 10.000 a 1 em cada 30.000 nascimentos.

Causas da Cifose Congênita

A cifose congênita ocorre devido a alterações no desenvolvimento embrionário da coluna vertebral. Embora a causa exata dessas alterações nem sempre seja identificada, alguns fatores podem estar associados:

  • Fatores genéticos – Algumas anomalias genéticas podem predispor ao desenvolvimento de malformações vertebrais
  • Fatores ambientais – Exposição materna a certas substâncias tóxicas durante a gestação
  • Distúrbios metabólicos maternos – Como diabetes gestacional mal controlado
  • Deficiências nutricionais – Especialmente de ácido fólico durante a gestação
  • Infecções maternas – Certas infecções durante a gravidez podem afetar o desenvolvimento fetal

É importante ressaltar que a cifose congênita frequentemente ocorre em associação com outras anomalias congênitas, especialmente do sistema nervoso central, cardíaco e genitourinário.

5 Principais Sinais da Cifose Congênita

  1. Curvatura anormal da coluna – Proeminência visível nas costas (corcunda) que pode ser notada desde o nascimento ou nos primeiros anos de vida
  2. Progressão rápida da deformidade – Especialmente durante os períodos de crescimento acelerado (primeira infância e adolescência)
  3. Assimetria do tronco – Desalinhamento visível do tronco quando observado de perfil
  4. Anomalias associadas – Presença de outras malformações congênitas, como manchas na pele, depressões ou tufos de pelos na região da coluna
  5. Sintomas neurológicos – Em casos mais graves, pode haver comprometimento neurológico com alterações na marcha, fraqueza ou alterações sensitivas nos membros inferiores

Outros sinais podem incluir:

  • Dor nas costas (menos comum em crianças pequenas)
  • Fadiga ao ficar em pé ou sentar por períodos prolongados
  • Alterações na função pulmonar em casos de curvaturas graves
  • Desenvolvimento de compensações posturais, como hiperlordose lombar

É importante ressaltar que a cifose congênita tem maior potencial de progressão durante os períodos de crescimento rápido, podendo levar a deformidades graves se não for tratada adequadamente.

Diagnóstico da Cifose Congênita

O diagnóstico da cifose congênita envolve uma combinação de avaliação clínica e exames de imagem:

Avaliação Clínica

  • Histórico médico detalhado, incluindo histórico familiar e gestacional
  • Exame físico completo, com avaliação da postura e alinhamento da coluna
  • Avaliação neurológica completa
  • Avaliação da função pulmonar em casos de curvaturas graves

Exames de Imagem

  • Radiografia da coluna completa – Exame inicial que permite visualizar a deformidade e as malformações vertebrais
  • Ressonância magnética (RM) – Fundamental para avaliar possíveis anomalias da medula espinhal associadas, como siringomielia ou medula ancorada
  • Tomografia computadorizada (TC) – Oferece detalhes precisos das malformações ósseas, auxiliando no planejamento cirúrgico
  • Ultrassonografia renal e cardíaca – Recomendada para investigar anomalias associadas

Em alguns casos, podem ser necessários outros exames complementares para investigar anomalias em outros sistemas.

Tratamentos para Cifose Congênita

O tratamento da cifose congênita varia de acordo com diversos fatores, incluindo a idade do paciente, o tipo e localização da malformação, a magnitude da curvatura e a taxa de progressão:

Observação e Monitoramento

Para curvaturas leves e estáveis:

  • Acompanhamento clínico e radiográfico regular (a cada 4-6 meses durante o crescimento)
  • Monitoramento cuidadoso durante os períodos de crescimento acelerado

Tratamento Conservador

O tratamento conservador tem papel limitado na cifose congênita, diferentemente da cifose postural:

  • Fisioterapia – Pode ajudar a manter a função e prevenir complicações secundárias, mas não corrige a deformidade estrutural
  • Órteses (coletes) – Geralmente não são eficazes para corrigir a deformidade congênita, mas podem ser utilizados em casos específicos para retardar a progressão

Tratamento Cirúrgico

A cirurgia é frequentemente necessária na cifose congênita, especialmente em casos com potencial de progressão significativa:

  • Fusão vertebral posterior – Estabilização da parte posterior da coluna
  • Fusão vertebral anterior e posterior – Abordagem combinada para casos mais graves
  • Osteotomias corretivas – Procedimentos para corrigir deformidades graves
  • Instrumentação e correção – Utilização de implantes para corrigir parcialmente a deformidade e estabilizar a coluna

Em casos complexos, pode ser necessária uma abordagem em múltiplos estágios ou técnicas combinadas.

Complicações Potenciais

A cifose congênita não tratada ou tratada inadequadamente pode levar a diversas complicações:

  • Progressão da deformidade – Resultando em cifose grave e rígida
  • Comprometimento neurológico – Devido à compressão da medula espinhal
  • Comprometimento cardiopulmonar – Em casos de cifose grave, pode haver restrição da capacidade pulmonar
  • Dor crônica – Desenvolvimento de dor nas costas na idade adulta
  • Impacto psicossocial – Relacionado à aparência física e limitações funcionais

Prognóstico e Qualidade de Vida

O prognóstico da cifose congênita depende de diversos fatores:

  • Tipo e localização da malformação – Certas malformações têm maior potencial de progressão
  • Idade ao diagnóstico – Diagnóstico e intervenção precoces geralmente resultam em melhores desfechos
  • Presença de anomalias associadas – Anomalias neurológicas, cardíacas ou renais podem complicar o tratamento
  • Resposta ao tratamento – A resposta individual às intervenções varia significativamente

Com tratamento adequado, muitos pacientes com cifose congênita podem ter boa qualidade de vida e função. No entanto, mesmo após o tratamento, é necessário acompanhamento a longo prazo para monitorar possíveis complicações tardias.

Impacto Psicossocial

O impacto psicossocial da cifose congênita não deve ser subestimado:

  • Crianças e adolescentes podem enfrentar desafios relacionados à imagem corporal
  • O tratamento prolongado e múltiplas cirurgias podem afetar o desenvolvimento psicossocial
  • O suporte familiar e psicológico é fundamental durante todo o processo de tratamento

Quando Procurar um Especialista

É importante consultar um médico especialista em coluna vertebral se você observar:

  • Curvatura anormal nas costas da criança
  • Proeminência visível na região torácica
  • Assimetria no tronco quando visto de perfil
  • Outras anomalias congênitas associadas
  • Histórico familiar de malformações da coluna

FAQ sobre Cifose Congênita

1. A cifose congênita é hereditária?

A maioria dos casos de cifose congênita ocorre de forma esporádica, sem histórico familiar claro. No entanto, em alguns casos, pode haver componente genético, especialmente quando associada a síndromes específicas. O aconselhamento genético pode ser recomendado para famílias com histórico de malformações vertebrais.

2. A cifose congênita sempre requer cirurgia?

Nem todos os casos de cifose congênita necessitam de cirurgia. A decisão depende do tipo de malformação, da magnitude da curvatura, da taxa de progressão e da presença de sintomas. Curvaturas leves e estáveis podem ser apenas monitoradas, enquanto malformações com alto potencial de progressão geralmente requerem intervenção cirúrgica.

3. Qual é a melhor idade para realizar a cirurgia de cifose congênita?

Não existe uma idade única ideal para a cirurgia, pois a decisão deve ser individualizada. Em alguns casos, a intervenção precoce (antes dos 5 anos) é recomendada para prevenir a progressão da deformidade durante o crescimento. Em outros casos, pode-se optar por aguardar até que a criança esteja mais desenvolvida. A decisão deve considerar o tipo de malformação, a taxa de progressão e o equilíbrio entre os riscos e benefícios da cirurgia em cada idade.

4. Crianças com cifose congênita podem praticar esportes?

Na maioria dos casos, crianças com cifose congênita leve a moderada podem participar de atividades físicas e esportes, o que é inclusive benéfico para o desenvolvimento muscular e cardiorrespiratório. No entanto, após cirurgias de fusão vertebral, pode haver restrições para esportes de contato ou alto impacto. A recomendação deve ser individualizada e discutida com o médico responsável.

5. A cifose congênita afeta a expectativa de vida?

A cifose congênita isolada geralmente não afeta a expectativa de vida. No entanto, quando associada a anomalias em outros sistemas (cardíaco, renal, neurológico), pode haver impacto na saúde geral e na longevidade. Curvaturas muito graves não tratadas podem levar a complicações cardiopulmonares a longo prazo. Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, a maioria dos pacientes tem expectativa de vida normal.



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Dr. Juan Aquino é Cirurgião de Coluna OrtopedistaMédico da Dor no Rio de Janeiro. Tem mais de 10 anos de experiência no tratamento de Dor na Coluna realizando consultas presenciais, por Telemedicina, Ondas de Choque mecânico (TOC), Infiltrações em consultório médico, Rizotomia da Coluna e Cirurgias da Coluna Minimamente Invasivas em Hospitais de Referência no Rio.

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Dr Juan Aquino num Curso Internacional em Miami – Estados Unidos. Curso Fresh-Cadaver no MARC (Miami Anatomical Research Center). Curso de Técnicas Avançadas de Artrodeses e Endoscopia da Coluna Vertebral.

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Referências:

Livros:

  1. Benzel’s Spine Surgery. 4th Edition – Michel Steinmetz, Edward Benzel. Elservier, 2017 
  2. O Exame Físico em Ortopedia. Barros Filho TEP – São Paulo: Sarvier
  3. Neuroanatomia Funcional –  Machado, A. Livraria Atheneu, 2000. 3a Edição

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